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É engraçado a gente escrever sobre a gente mesmo, assim, na primeira pessoa. Imagino que as pessoas queiram saber quem é esse camarada que é o “dono” desse sítio. Bem, acho que posso me descrever como uma mobilidade entre diversas atividades e papéis ao longo da vida. Sou filho de ferroviário e não conheci o meu pai (ele morreu antes que eu nascesse, quando a minha mãe estava grávida de 5 meses). Quando criança vendia taioba e tomates cultivados na horta da minha casa pelas ruas do meu bairro – isso me ensinou logo cedo o valor do trabalho e do dinheiro. Não, não era trabalho infantil. Era iniciativa minha para ajudar a minha mãe e, quando dava, comprar revistas em quadrinhos e livros de ficção científica – um hábito de leitura que cultivo até hoje. Comecei a trabalhar aproximadamente aos 16 anos. Fui estagiário de eletrônica, controlador de qualidade de tubos trefilados deformados a quente, consertei bombas de gasolina, gravei e editei vídeos para comerciais de TV e trabalhei em escritório. Na época da faculdade, recebi o apelido de Office Boy de luxo, porque nunca deixei de fazer uma tarefa que me foi solicitada porque julgasse que ela era inferior ao da minha capacidade.

Aprendi a ler muito cedo com a madrinha da minha mãe e sobre o mundo com os livros e as revistas em quadrinhos do meu pai. Formei-me Técnico em Eletrônica pelo CEFET, Psicólogo Clínico e Bacharel Licenciado em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas da FUMEC (onde atuei, orgulhosamente, como monitor do “Setor de Extensão e Pesquisa” por quatro anos e meio), fiz o mestrado em Ciência da Informação na UFMG e doutorado em Psicologia Social e do Trabalho na USP. Durante a graduação fiz parte, por cinco anos, do “Grupo de Dinâmica de Grupo Vivencial” conduzido pelo Professor Rinaldo Contigli. Uma das experiências mais preciosas pelas quais alguém da minha geração poderia passar na FCH/FUMEC. Aprendi muito sobre Dinâmica de Grupo, Gestalt-Terapia e Bioenergética naquele período. Aprendizado que eu utilizo até hoje. Aproximei-me da Psicologia Analítica de Jung ainda nos tempos da graduação (nas aulas do Professor Sérgio Pereira Alves e nas Supervisões da Professora Suzana Paiva) e nunca mais parei de estudar essa abordagem. Participei de inúmeras palestras, cursos e eventos nacionais e internacionais na área. Primeiro como expectador, depois como conferencista. Mais recentemente (a partir de 2000), fiz uma formação em EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing / Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares) e me capacitei para desenvolver um trabalho terapêutico com pessoas que sofrem de estresse pós-traumático e dificuldades de performance buscando utilizar elementos dessa técnica de maneira integrada ao ferramental da Psicologia Analítica – nessa página você encontra informações básicas, mas muito elucidativas, sobre essas duas ferramentas para  psicoterapêuticas – leia texto sobre considerações sobre psicoterapia. Todo esse material influenciou significativamente a forma como eu passei a enxergar as organizações, sua dimensão inconsciente, sua cultura, seus símbolos, seus mitos e ritos e sua relação com o uso e o compartilhamento de informações, temas centrais das minhas pesquisas na Universidade – leia meus estudos sobre organizações.

Iniciei minha prática no consultório de Psicologia Clínica em 1994 e, desde então, trabalhei utilizando como abordagem principal a Psicologia Analítica de Jung e como recursos complementares o EMDR, hipnoterapia, Sandplay e técnicas expressivas. Nesse período, atendi adolescentes, adultos, idosos e casais. Fui eleito membro do Executive Comitte da International Association for Jungian Studies e participei entusiasticamente dessa associação que se dedica a promover o intercâmbio entre junguianos “acadêmicos” (ou seja, vinculados às universidades) e clínicos (ou seja, que atuam em consultórios). Fui um dos fundadores do coletivo denominado “Junguianos Nômades” que considero responsável, modéstia às favas, pela concepção e organização dos eventos junguianos mais criativos, democráticos e férteis desse país. Ainda hoje participo, voluntariamente e, dentro dos limites que a minha disponibilidade de tempo livre permite, da organização desses eventos, o que motivou alguns colegas a me chamarem carinhosamente de “presidente de honra” do coletivo.​

Fui coordenador técnico e coordenador geral do Instituto Internacional de Avaliação Sérgio Costa Ribeiro e trabalhei em parceria com a ACT.Inc, empresa de avaliação norte-americana com sede em Iowa City, USA. Motivado a aplicar a minha formação psicológica nos ensino dos mais diversos conteúdos, lecionei habilidades relacionadas à Psicologia Clínica, Saúde Mental, História da Psicologia, Psicologia do Desenvolvimento, Psicopatologia, Psicologia Social, Comportamento Organizacional, Gestão, Mitologia, Cultura Brasileira, Filosofia e Ética em cursos de graduação da Universidade FUMEC, da FEAD Minas (onde fui um dos fundadores e o primeiro coordenador do curso de Psicologia), Fundação João Pinheiro e das Faculdades Pedro Leopoldo. Atuei ainda como professor em cursos de especialização de diversas faculdades e nas academias de Polícia Militar e Civil do estado de Minas Gerais. Iniciei minha atividade docente como professor e pesquisador em cursos de pós-graduação no MPA – Mestrado Profissional em Administração, das faculdades Pedro Leopoldo.

Desde 2010 estou vinculado ao departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação da UFMG, onde tenho desenvolvido e orientado pesquisas e lecionado para os cursos de graduação de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, para os cursos de especialização e para o mestrado e o doutorado em Ciência da Informação. Nessa minha nova casa, fui o responsável por introduzir o estudo sistemático sobre a influência dos complexos ideo-afetivos, do imaginário e dos aspectos simbólicos e afetivos sobre a tomada de decisão, o compartilhamento e o uso da informação.

Interessado desde sempre pelo estudo comparado da experiência, do simbolismo e do fenômeno religioso, procurei estudar sistematicamente o catolicismo popular, a teologia da libertação, o xamanismo, o budismo zen, os cultos afro-brasileiros, o humanismo secular e o ateísmo. Atualmente tenho me voltado, com muito prazer, para o estudo do judaísmo e sua mística.​
 

Tenho uma gata lindinha (o nome dela é Lindinha mesmo. Eu sei, é estranho, mas foi ideia da minha filha), uma mãe velhinha (rumo aos 100!!!), duas crianças doces que alegram meus dias, me alimentam e animam. Tenho alguns primos e uns poucos amigos íntimos muito queridos com quem me encontro pouco, mas que considero como irmãos. Tenho uma enorme família de ex-alunos e colegas por quem nutro um carinho muito grande. Nasci e moro em Belo Horizonte, mas fui deixando um pedaço do meu coração em São Paulo, no Rio, em Zurique, em Londres, em Greenwich,  Montreal e, especialmente, Lisboa, mas – copiando o Milton:

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“Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais”